"Consumam" por Carlos Minc


Uma montanha de lixo. Foto de Chris Jordan em ensaio sobre o consumismo que saiu na Super Interessante de tempos atrás. Ao todo, foram fotografadas 106 mil latas de alumínio, a mesma quantidade que é jogada no lixo nos EUA a cada 30 segundos.

Isso é notícia antiga, mas serve para ilustrar o que vem a seguir.

"Rezo todo os dias: pessoas, consumam."

Essa máxima saiu da boca do ministro do meio-ambiente Carlos Minc, como resposta ao corte de 35 milhões de reais do orçamento de 2009 de sua pasta. A verba contingenciada vai atender a outros setores que necessitariam mais dos recursos em função da crise econômica global.

Um ministro do meio-ambiente deveria saber ou pelo menos refletir: consumo não é solução para essa crise. Pelo menos, não é solução a longo prazo. O que está em jogo é a falência de um sistema, que precisa consumir menos, isto é, encontrar alternativas sustentáveis para prosperar e exaurir menos os recursos do planeta.

Aí sim estamos falando de uma solução permanente para a crise. Sem uma revisão do modus operandi do sistema, as soluções que chegarem, como por exemplo essa impertinência de "consumir mais", são apenas um sopro na ferida... Alívio temporário.

Na crise de 1929, Keynes foi o pensador que ajudou a resolver o problema propondo como solução um capitalismo controlado, o que significou a decadência do liberalismo e o aumento do controle do governo sobre a economia.

Não seria o momento agora de também se propor novos caminhos? O que aconteceu que o liberalismo voltou, sob a roupagem do neo-liberalismo, e nós estupidamente caímos de novo numa cilada?

O momento é de análise e estratégia. Não de afirmativas precipitadas.

Um comentário:

Carla Soares disse...

que medo dessa fala do ministro... calafrios!