Uma das coisas mais gostosas de fazer no dia a dia
do assentamento humano permacultural é criar canteiros e ilhas de fertilidade
para futuros plantios. Pode ser um trabalho leve, exigindo de nós apenas a
paciência de seguir um dos princípios mais lindos da permacultura: “deixar a
natureza trabalhar a nosso favor”.
Olha só como era esse canteiro antes, há apenas alguns meses. Tudo que fizemos foi acumular matéria orgânica, no local. Os passos pra isso eu explico abaixo. |
Atualmente, nossa missão como
permacultores nos levou a trabalhar numa área que tem lá suas dificuldades,
embora não seja o terreno mais difícil com que já lidamos. O solo é arenoso, então
a água infiltra com facilidade e o ambiente fica facilmente seco. As plantinhas ficam castigadas pelo Sol e
mortas de sede, como num deserto. A matéria orgânica vai ressecando e
dificilmente consegue cobrir o solo e transformá-lo em terra preta, boa para
plantio.
Nessa foto dá para ter uma idéia da característica do nosso local de trabalho. Escritório da vida. No tempo da natureza e da nossa iniciativa, queremos ver ali um oásis. |
Uma coisa que tem dado muito
certo e na qual eu acredito é o “NoTill Gardening”: agricultura sem aração e
reviramento do solo. Eu uso o termo em inglês pois vi pela primeira vez uma
teorização sobre isso num vídeo de uma turma da Inglaterra, mas eu sempre
acreditei nesse princípio desde que comecei a estudar permacultura e aprendi
que tudo que precisamos saber a natureza já ensina. Basta observar como a
natureza torna fértil os solos sem precisar de arados e enxadas. Como eu
compartilho da máxima “se você está fazendo muito esforço, então alguma coisa
no seu sistema não está trabalhando a seu favor” e no princípio da permacultura
de que os sistemas sustentáveis geram toda a energia de que necessitam, então
também acho que não preciso me matar sob o Sol para cultivar meu alimento, mas
trabalhar com inteligência para produzir ciclos fechados.
Então, no nosso trabalho com esse
solo arenoso, resolvemos adotar a seguinte estratégia:
1) Partir das sombras das árvores
para fazer os primeiros plantios. Por mais que as plantas pioneiras gostem de
Sol, no ambiente desértico em que estamos trabalhando, a sombrinha ajuda a
criar um microclima para que os nossos plantios não se torrem ao Sol e morram.
2) Fazer o trabalho de formiguinhas, cobrindo os canteiros
com gravetos e podas de material seco que tiramos dos arbustos que vão morrendo
no terreno e dos capins que vão crescendo e cobrindo algumas áreas. Não
arrancamos nada com raiz, só roçamos e tiramos o material que vamos aproveitar,
transportando-o para outro lugar, exatamente como as formigas cortadeiras. Daí
o capim acaba rebrotando para gente se servir dele de novo. É um sistema em que
o mato é muito bem-vindo, nosso amigo e aliado.
Por baixo, terra boa, nutrientes, gravetos e troncos que liberarão lignina e carbono para o solo quando decompostos. |
3) Procurar seguir a curva de nível. Estudar a declividade
do terreno e usá-la a nosso favor para capturar a água de chuva para os
canteiros e árvores, não a deixando escorrer e lavar o solo, o que forma erosões e
arrasta nutrientes.
3 comentários:
Muito legal Utsch! Parabéns pelos trabalhos e muito bacana compartilhar o conhecimento e a experiência!
Grande abraço e mucha Luz e Força a vocês!
Legal Moura...valeu! Conto com sua ajuda!
Legal Moura...valeu! Conto com sua ajuda!
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