Movimentos sociais estão chegando à conclusão de que, se ainda há 1 bilhão de pessoas no mundo passando fome, não é por falta de alimento. O mundo produz o suficiente para alimentar o dobro de sua população; só que uma pequena parte da população mundial consome muito mais do que necessita.
Vandana Shiva: "o modelo monocultura/transgênicos destruiu modo milenar de cultura do algodão na Índia sendo responsável por 250 mil suicídios em 15 anos." |
Contradição ainda maior: depois que os transgênicos foram introduzidos nas plantações, os índices de fome no mundo só aumentaram.
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Presente nos debates
que mais atraíram pessoas durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência da ONU Rio+20, Vandana Shiva, ativista indiana
contra as patentes das sementes e ganhadora do Prêmio Nobel, afirmou que as
monoculturas e os transgênicos destruíram a cultura milenar do algodão na Índia
e foram responsáveis por 250 mil suicídios em 15 anos. As sementes transgênicas
de algodão já não são mais tão resistentes quanto pregava a Monsanto e hoje, já
sem suas sementes tradicionais, os agricultores indianos dependem de um modelo
perverso de compra de sementes e herbicidas. Vandana afirma que as sementes não podem ser propriedade privada e defende diversidade e autonomia para cada agricultor. As "monoculturas", presentes nos sistemas de plantio mas também nas mentes humanas, comprometem a resiliência do homem sobre o planeta. Sistemas complexos e diversos -policulturas- tem maior probabilidade de sucesso. |
O modelo de
agricultura extensiva atual é concentrador: 70% da água gasta no planeta vai
para irrigação das monoculturas e 85% das terras mundiais estão na mão do
agronegócio, embora este seja responsável por menos de 30% do alimento que
chega à mesa. Isto porque a produção do agronegócio – grãos e biomassa- é
destinada prioritariamente à alimentação de animais para produção de carne. Os
grãos são exportados e se destinam, sob a forma de bife, a apenas 16% da população mundial, que
consome 78% do total de tudo que é produzido no planeta.
Conclusão: 1- Apesar de ocupar menos de 15% das terras, a agricultura familiar responde por 70% da alimentação que chega à mesa do brasileiro.
O resgate dos saberes locais, de padrões alimentares não-globalizados e a defesa da agroecologia como modelo alternativo ao agronegócio são tendências atuais para uma nova forma de organização e produção menos concentradora das riquezas.
2- Uma elite do planeta consome mais de três quartos da produção mundial e precisa urgentemente rever seus padrões de consumo. Se toda a população mundial pudesse consumir como essa elite consome, não seria possível ao planeta renovar os recursos necessários à sustentação desse padrão.
As perguntas e a ética dos permacultores são bons parâmetros nesse momento: O que é necessário à minha sobrevivência? O que é supérfluo? Que modelo de desenvolvimento estou alimentando com minhas escolhas de consumo?
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