Origens do Código Florestal Brasileiro

Leia a seguir trechos de autoria do ministro do Meio Ambiente de 1962, Armando Monteiro Filho, que foi um dos pais da reforma do Código Florestal na época. Um pensamento ecológico que, mais de 40 anos depois, continua sendo rechaçado e ainda não incorporado por todos. A Comissão que está discutindo a reforma do Código Florestal de 1965 quer abrir mão das proteções legais garantidas nesse antigo Código em nome do "progresso econômico". Querem por exemplo relativizar APPs, dar autonomia aos estados; e assim corre-se risco de legislações degradantes, como a aprovada em Santa Catarina.

Ok, pessoal. Desmatem tudo, até mesmo o entorno dos cursos d´água. E olha só o que acontecerá (não vai sobrar nem água pra matar sua sede):







A seguir, o discurso em 1962; mais avançado que o pensamento da maioria atualmente.


“Há um clamor nacional contra o descaso em que se encontra o problema florestal no Brasil, gerando calamidades cada vez mais graves e mais nocivas à economia do país. A agricultura itinerante continua se desenvolvendo segundo os métodos primitivos dos primeiros anos do descobrimento. Chega o agricultor, derruba e queima as matas, sem indagar se elas são necessárias à conservação da feracidade do solo ou do regime das águas. Depois de alguns anos de exploração, renovando anualmente a queimada, como meio de extinguir a vegetação invasora, o terreno esgotado é entregue ao abandono e o agricultor, seguindo as pegadas do madeireiro que adiante derrubou as árvores para extrair as toras, inicia novo ciclo devastador”

“As margens dos rios são devastadas e os desbarrancamentos sucedem-se. Hoje, todos os rios do Brasil, inclusive o Amazonas, estão necessitando de dispendiosas dragagens. Muitos rios estão secando e tornam-se já inservíveis ao tráfego fluvial, suas barras enchem-se de bancos de areia e lama deixando os portos imprestáveis. Inundações cada vez mais destruidoras, pela remoção desordenada de florestas, colocam em sobressalto as populações de centenas de cidades ribeirinhas. (...) Os desmatamentos nos mananciais vão transformando os campos em solos pobres e com produtividade cada vez menor”.

“Daí resulta que cada ano o agricultor trabalha mais, para retirar menos do solo. Principia, por aí, a substituição intensiva de lavouras por pastagens pobres, acarretando uma alarmante perda de substância no incremento da agricultura, relativamente à taxa de crescimento demográfico. (...) Paralelamente, pois, ao problema agrário decorrente da estrutura arcaica da economia rural, agrava-se o problema da produção agrícola, como efeito imediato do uso indisciplinado e caótico das terras florestadas”.

Nenhum comentário: