Para a lei brasileira agrotóxicos não são venenos, mas apenas "defensivos". E que regalia: estão isentos de pagar impostos

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Com o lançamento de "O Veneno está na Mesa 2", a sociedade civil volta a pressionar para que questões invisíveis aos meios tradicionais recebam maior atenção.

Para a legislação brasileira, por exemplo, agrotóxicos são "defensivos", uma amenização do termo que é crucial na hora da decisão do agricultor que vai usar o produto. Não se diz que o agrotóxico é um veneno. Mas nas próprias embalagens isso aparece e as pessoas se acostumaram a achar isso normal.

Basta olhar para um rio após a chuva, ao lado de uma encosta onde venenos foram aplicados, e ver peixes e toda espécie de vida morta. E mais: na maioria dos estados brasileiros, as empresas de agrotóxicos estão isentas do pagamento de impostos por esse tipo de produto.

Nas casas de agropecuária, os herbicidas ou mata-matos não são agrotóxicos e seus efeitos são "mais leves". Mas quem planta orgânicos sabe que eles não são permitidos, pois são herdeiros do agente laranja, lançado de forma aérea nas guerras para detonar florestas e deixar sem esconderijo os inimigos em terra. Os seus efeitos cancerígenos estão comprovados em inúmeras pesquisas que as grandes empresas tentam escamotear e questionar.

Nas Comissões de caráter interdisciplinar, com órgãos do governo, sociedade civil e empresas, apesar de toda a pressão da sociedade, questões como a liberação de sementes transgênicas, acontecem rapidamente, ao contrário da morosidade da maioria dos outros processos, já conhecida no Brasil.

Os movimentos sociais denunciam: há interesse financeiro e lobby nisso tudo. As regalias e facilidades citadas, que beneficiam as empresas de agrotóxicos, comprovam. Se, como afirma um agricultor no filme "O Veneno está na Mesa", "não há dificuldade técnica em produzir alimento orgânico para alimentar o povo", por que continuamos sendo os maiores consumidores mundiais de agrotóxicos? Alguém está lucrando com isso, afirmam os especialistas.