"O ser livre é aquele que deseja o que considera correto"

A frase do título é de Rudolf Steiner, fundador da medicina antroposófica. Na figura acima, ele compara o funcionamento do corpo humano com uma flor. O cérebro seria a raiz. Que interessante, não? O cérebro nutre o corpo. A figura foi retirada do livro "Guia das Medicinas Alternativas" de Ann Hill.

Não sei se é a estranha sensação de que tudo já foi dito ou de inutilidade de tanto falar, o fato é que ousei, dessa vez, adicionar a esse blog uma reflexão que pode assustar os mais céticos. Só não hesito mais quanto a isso porque sei que Steiner era um cientista a frente de seu tempo. O homem fez de tudo: estudou de filosofia a engenharia. O seu trabalho é sistêmico, antes mesmo de terem falado dessa coisa de redes e de efeito borboleta. É mesmo um precursor: pedagogia Waldorf, medicina antroposófica, agricultura biodinâmica, Eurritmia e um sistema filosófico muito bem estruturado para explicar a realidade.

Vale a pena conhecer a antroposofia.

Agora cito um excerto, assustador para os céticos, libertador para os crédulos. Está num livro em que Steiner defende que só através da consciência e do pensamento é que o homem pode ser capaz de entrar no mundo extra-sensorial (aquele que está além da matéria e que pode dar sentido a toda essa Babilônia em que vivemos). É como se ele dissesse: "fique tranquilo; só quando o seu pensamento reconhecer que somos mais do que pura matéria é que você realmente estará pronto para ver além." Então, nada de forçar uma devoção inexistente, nada de fingir que Deus existe. É como Einstein já sabia: quanto mais se aprofundava na ciência, mais ele acreditava em Deus (o que não quer dizer que eu acredite). Eu vou cavando minhas conclusões na minha ciência própria. Ninguém me dirá em que devo acreditar. E assim dizia Steiner: o encontro com esse tal mundo que está além dos sentidos físicos só acontece depois que a consciência individual prova por A mais B a existência dele.

O problema é que não devemos esperar do mundo espiritual o tipo de provas a que a ciência positivista está acostumada a nos dar. São minúsculos sinais que necessitam de treino para serem reconhecidos. Se é extra-sensorial, imagino que nossa ciência cartesiana esteja muito pouco preparada para admitir o tipo de provas de que estamos falando, embora muitos cientistas, principalmente os que trabalham com quântica e energia, já não usem mais os métodos científicos jurássicos que ainda hoje aparecem quando alguns ignorantes querem dizer que algo foi provado cientificamente.

Enfim, como disparei a falar! Segue o excerto prometido há dois parágrafos:
"O momento do autoconhecimento é extremamente sério. Muito se filosofa e se teoriza no mundo acerca do autoconhecimento. Isso antes desvia o olhar anímico da seriedade inerente ao autoconhecimento do que o atrai para ela. Mas não obstante essa seriedade, qual não é a nossa satisfação ao pensar que a natureza humana está disposta, pelos próprios instintos, a não entrar no mundo espiritual antes de desenvolver e verificar pelo autoconhecimento o grau de maturidade imprescindível! Que satisfação termos, como encontro inicial mais importante com um ser do mundo supra-sensível, aquele com o nosso próprio ser, em sua plena verdade, sendo que nos cabe a missão de levar esse ser durante o futuro desenvolvimento da Humanidade!" (R. Steiner em "O limiar do mundo Espiritual")

Quanto à liberdade, essa palavra acalentada, desejada, amada, objeto dos mais profundos equívocos e das mais vigorosas paixões... É como Steiner disse (tá no título dessa postagem), e eu faço minha livre interpretação. Os imbecis se dizem livres porque seguem todos os seus impulsos e desejos, permitindo à sua mente a mentira de acarinhar os pensamentos mais impuros. Para outros, não menos imbecis, é feio pensar coisas sujas, fazer é ainda pior. E a vida torna-se um eterno reprimir-se.

Desejar o que se considera correto é um grande desafio. A mente está o tempo todo desejando; e seguindo tudo o que ela quer, o idiota cai numa grande armadilha: ou vira um fútil viciado (as piores drogas ninguém diz quais são e você encontra em qualquer prateleira, dentro da sua casa, dentro do seu pensamento) ou um neurótico reprimido (o espaço da culpa e da censura). Enfim, uma roda de ilusão.

Qual seria esse outro jeito de ser, a tal verdadeira liberdade ou modo de estar além dessa roda? Seria como olhar nos próprios olhos, ver de fora de si, surpreender-se.

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